A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio funcional crônico que afeta o trato gastrointestinal, em especial o intestino grosso, sem uma causa orgânica claramente identificável. Seus sintomas mais comuns incluem dor ou desconforto abdominal recorrente, alterações nos hábitos intestinais, como episódios de diarreia, constipação ou ambos, além de inchaço, gases, e uma sensação frequente de evacuação incompleta. Esses sintomas podem variar em intensidade e frequência, muitas vezes piorando após o consumo de certos alimentos ou em momentos de estresse. Embora não seja uma condição grave, a SII pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, interferindo em atividades diárias e bem-estar emocional.
A SII é dividida em três principais subtipos, de acordo com o padrão predominante dos sintomas intestinais:
1. SII com Predomínio de Diarreia (SII-D): Caracterizado por episódios frequentes de diarreia, muitas vezes acompanhados de urgência para evacuar e desconforto abdominal. Os pacientes podem experimentar fezes aquosas ou moles, intercaladas com períodos de dor ou cólicas.
2. SII com Predomínio de Constipação (SII-C): Nesse subtipo, a constipação é a característica principal, com evacuações difíceis e infrequentes, associadas a fezes endurecidas e dor abdominal que tende a aliviar após a evacuação.
3. SII Misto (SII-M):Os pacientes apresentam uma alternância entre diarreia e constipação, o que pode tornar o manejo mais complexo, já que o padrão dos sintomas é menos previsível e varia entre períodos de diarreia e constipação.
TRATAMENTO
A consulta para o diagnóstico e manejo da Síndrome do Intestino Irritável (SII) é baseada em uma abordagem clínica minuciosa. O primeiro passo envolve uma anamnese completa, explorando a natureza e a duração dos sintomas, sua relação com a alimentação, o impacto de fatores emocionais, como estresse ou ansiedade, e o histórico médico familiar. Detalhes sobre a frequência e consistência das evacuações são fundamentais para identificar o subtipo predominante da síndrome. A investigação também inclui o uso de medicamentos, consumo de álcool, tabagismo e hábitos alimentares.
O exame físico foca principalmente no abdômen, onde são verificados sinais como distensão, sensibilidade e outros achados que possam indicar condições alternativas, como doenças inflamatórias intestinais ou câncer colorretal. O diagnóstico clínico da SII é orientado pelos Critérios de Roma IV, que exigem que o paciente apresente dor abdominal recorrente, pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses, associada a duas ou mais das seguintes características: alívio da dor com a evacuação, alteração na frequência das evacuações ou mudança na consistência das fezes.
O tratamento da SII é multifacetado e deve ser personalizado para atender às necessidades de cada paciente. Em casos mais complexos, pode ser indicado o uso de medicamentos antidepressivos de baixa dose para ajudar a regular a interação entre o cérebro e o intestino, que é frequentemente afetada nos pacientes com SII.
É fundamental o acompanhamento contínuo com consultas regulares para avaliar a eficácia das intervenções e ajustaro tratamento conforme necessário. Terapias complementares, como a inclusão de probióticos e a prática de exercícios físicos regulares, também podem ajudar a manter o equilíbrio intestinal e melhorar o bem-estar geral do paciente.
